No início dos anos 20, três dos mais renomados artistas espanhóis de todos os tempos coincidiram em Madri na Residência dos Estudantes: o pintor Salvador Dalí, o poeta Federico García Lorca e o cineasta Luis Buñuel.
A convivência destes gigantes da arte proporcionou a criação de uma atmosfera de fermentação criativa transformando a Residência num dos principais centros de recepção e divulgação das vanguardas europeias em Madri da época e foi um fator determinante no posterior trabalho no de cada um deles. Mais tarde Dalí passou a morar em Paris, Nova Iorque e Cadaqués, Lorca foi assassinado a tiro por forças franquistas durante a Guerra Civil e Buñuel, depois de sua passada pela França e Estados Unidos, viveu a maior parte de seu exílio na capital mexicana, embora a partir dos anos 60 tenha passado vários períodos na Espanha, realizando diversas obras cinematográficas.
A Era de Prata
Este período da história espanhola é conhecido como a Era da Prata, período de florescimento cultural e científico entre aproximadamente o reinado de Alfonso XII e o fim da Segunda República. A Residência dos Estudantes, reconhecida internacionalmente como o primeiro centro cultural da Espanha entre guerras, foi, durante esse período de esplendor cultural, uma janela para as inovações intelectuais, artísticas e científicas do seu tempo. Sua criação teve como principal grupo promotor a geração da “Institución Libre de Enseñanza”, liderada por Francisco Giner de los Ríos.
Na Colina de los Chopos, em Madrid, onde se encontra a residência, os jovens Dalí, Lorca e Buñuel viveram com outros artistas e poetas da Geração de ’27 (falaremos desse termo em postagem futura). Foi também um importante fórum de debate onde Einstein, Marie Curie, Marinetti e Le Corbusier, entre muitos outros intelectuais europeus, deram palestras. Na mesma colina, mas com vista para o Paseo de la Castellana, encontra-se também o Museu de Ciências Naturais (José Gutiérrez Abascal, 2), onde o próprio Luis Buñuel trabalhou na Seção de Entomologia. Este museu é sensacional para ir em família e também lhe dedicaremos outra postagem adiante.
Retornando à Residência e sua época áurea, Federico García Lorca produziu o melhor da sua obra justamente morando na mesma, entre 1919 e 1936, de onde passou de ocupante das salas destinadas aos estudantes a professor no “salão refinado”, onde disse ter ouvido anteriormente “quase mil palestras”. Esta exposição (de manuscritos, material impresso, fotografias, desenhos, obras e objectos plásticos, quase todos provenientes dos arquivos da Fundação Federico García Lorca, da Residência de Estudiantes e do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía) está dividida em quatro partes:
- I. Uma introdução geral às características da Residência de Estudiantes, com folhetos informativos, o galhardete, a cabeça do atleta loiro que inspirou o desenho do seu emblema e “Impressões e paisagens”, o livro que o jovem Federico trouxe de Granada.
- II. A visita à residência é baseada na cronologia de Federico García Lorca como residente. A primeira parte vai de 1919 a 1925, e mostra a necessidade e defesa do seu próprio “quarto”, concorrência com uma geração de valiosos ainda jovens artistas e intelectuais.
- III. O período de 1926 a 1928, marcado pelo aparecimento da revista Residencia em 1926 que reflete o momento em que o esforço formativo dos anos anteriores multiplicou os seus frutos em vários planos, graus e níveis.
- IV. Finalmente, o período de 1929 a 1936, que trata de uma série de interv
- enções na Residência, a partir do exterior, incluindo os ensaios e a preparação do teatro universitário La Barraca.
Mais uma deliciosa curiosidade sobre esta Madrid cheia de encantos e pequenos segredos e se quiser saber mais, entre em www.residencia.csic.es
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